Assessoria de Imprensa
O iluminismo e a genialidade crítica de Goya chegam à Santos
Gravuras de um dos maiores mestres da arte espanhola, pintor da corte e dos horrores da guerra, chegam à cidade em mostra interativa.
De 4 de abril a 5 de maio o Centro Cultural Patrícia Galvão, em Santos, recebe a mostra ‘Loucuras Anunciadas’, do artista espanhol Francisco de Goya (1746-1828) com palestra do curador Enock Sacramento sobre a vida e obra do artista. A coleção, inicialmente denominada “Os Provérbios” com 19 pranchas, agora vem apresentada com mais 3 imagens descobertas após a primeira e segunda edições, perfazendo 22 pranchas. A série é atualmente conhecida como Disparates. A realização do evento é feita pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, com apoio do programa de fomento paulista PROAC ICMS e da Prefeitura de Santos. A empresa Arte Impressa cuida da produção da mostra. A mesma exposição, com 19 pranchas, já foi realizada nas unidades da Caixa Cultural em Curitiba, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro sob curadoria de Mariza Bertoli, entre 2017 e 2018. Oito meses após o encerramento da última mostra, ela faleceu aos 77 anos de idade em Curitiba, cidade onde nasceu e na qual foi diretora do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (1983- 1984). Para o Centro de Cultura Patrícia Galvão o projeto contará com a curadoria de Enock Sacramento - membro das Associações Paulista, Brasileira e Internacional de Críticos de Arte e curador da Fundação José e Paulina Nemirovsky, em São Paulo - além de ser valorizado por uma expografia criativa com atividades interativas desenvolvidas pela produtora cultural Claudia Lopes.
Obra enigmática e crítica
O período em que as gravuras foram feitas não é muito preciso; de acordo com especialistas, ele se situa entre 1815 a 1819. Goya decidiu não publicá-las por causa da perseguição aos iluministas à época. As enigmáticas gravuras figuram entre as últimas obras gráficas de Goya. Disparates é uma série que revela visões, violência, sexo, deboche das instituições relacionadas com o regime absolutista, crítica aos costumes e ao clero.
Gravuras e interação
A mostra chega com diversas atividades interativas, provocando assim uma intensa vivência para os participantes. A curadora Mariza Bertoli citava que “Ver-se entre os loucos é inusitado. Valorizar a liberdade de não estar ‘ensacado’. Afinal, no início da mostra, nos perguntamos: “pode-se anunciar loucuras?”, acrescentou Bertoli, à época. Haverá sacos para as pessoas entrarem, e se sentirem (Los ensacados), “Os ensacados”, gravura que integra a mostra. A obra remete à opressão, ao desespero e à própria sensação da surdez. Goya perdeu a audição aos 46 anos. Acessórios, como máscaras, e vestuários também ficarão à disposição, para que as pessoas possam se caracterizar e fazer suas próprias produções para fotografia. Haverá ainda três espelhos, um normal, um côncavo e outro convexo, para que os visitantes se vejam por outras perspectivas.
O artista
Goya é reconhecido como o mais significativo artista espanhol da segunda metade do século XVIII e primeiro quartel do Século XIX e sua obra é uma das mais vigorosas e originais de todo o mundo no período em que viveu. Nascido em Fuendetodos, na Espanha, em 1746, filho de um dourador de obras sacras, faleceu aos 82 anos de idade em Bordéus, na França, para onde se dirigiu no fim da vida à procura de tratamento médico. Seus primeiros trabalhos de qualidade só apareceriam após os 30 anos de idade. A partir de então, sua estrela sobe e, aos 43 anos, atinge o Olimpo da arte em seu país: é nomeado o pintor da corte de Carlos IV. Três anos depois, é acometido de uma doença que o deixa surdo. O infortúnio impacta fortemente sua visão de mundo e o leva a abandonar, pouco depois, as cenas idílicas, religiosas e de costumes. O pessimismo invade sua arte que toma o caminho do mórbido, do bizarro, do aterrador. Goya realizou cerca de 500 pinturas a óleo e murais, aproximadamente 300 águas-fortes e litogravuras e centenas de desenhos. Trata-se de uma figura emblemática da história da arte de todos os tempos. Um artista fundamental.
O curador
Enock Sacramento é membro das Associações Paulista, Brasileira e Internacional de Críticos de Arte. Participou de aproximadamente 180 júris de salões de arte, curou mais de 200 exposições no Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa, prefaciou cerca de 200 catálogos de exposições, publicou numerosos artigos na imprensa e 42 livros sobre arte e artistas brasileiros. Em função de sua atuação como crítico e curador de arte, recebeu, em 2004 e 2016, o Prêmio Gonzaga Duque, da ABCA - Associação Brasileira de Críticos de Arte, por atividades desenvolvidas no ano anterior e, em 2011, o Prêmio Mário de Andrade por sua trajetória como crítico e curador de arte. Além disso, é curador da Fundação José e Paulina Nemirovsky, São Paulo.